Paulo André Holanda: liderança e inovação à frente do Sesi e do Senai no Ceará
Gestor cearense une trajetória em logística, tecnologia e educação industrial e projeta o futuro da indústria no Estado
O Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai Ceará) e o Serviço Social da Indústria (Sesi Ceará), instituições ligadas à Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec), têm em Paulo André de Castro Holanda seu principal articulador. Diretor Regional do Senai e Superintendente do Sesi no Estado, ele está à frente da gestão, conduzindo projetos que unem educação básica e profissional, saúde, qualidade de vida, cultura, pesquisa e inovação tecnológica.
Fortalezense, engenheiro civil formado pela Universidade Federal do Ceará (UFC) e filho do ex-deputado federal Ariosto Holanda, Paulo André construiu sua trajetória inspirada na bandeira da inovação, marca também atribuída a seu pai durante a vida parlamentar. Representa o Nordeste no Comitê da Transparência e Gestão do Sesi e do Senai, no biênio 2024-2025, o que evidencia uma administração ética e eficiente no âmbito nacional.
Sua carreira reúne experiências em posições de grande relevância. Atuou na Companhia Docas do Ceará (CDC), onde ascendeu de Diretor de Infraestrutura e Gestão Portuária a Diretor-Presidente, e chegou a representar a América do Sul na American Association of Port Authorities (AAPA), em Miami (EUA). No Instituto Centec, esteve à frente da Diretoria de Inovação Tecnológica, além de integrar conselhos e comissões ligados ao desenvolvimento industrial e tecnológico no Ceará e no Brasil.
Ao longo dessa trajetória, recebeu diversas condecorações que reconhecem sua atuação na sociedade e na indústria, entre elas a Comenda Machadinha de Ouro do Corpo de Bombeiros, o título de Amigo da Marinha pela Marinha do Brasil, a Comenda Beni Veras dos Sindicatos Sindconfecções e Sindroupas, a Medalha José Martiniano de Alencar da Polícia Militar do Ceará e a Comenda Amigo da 10ª Região Militar pelo Exército Brasileiro.
Hoje, à frente do Sesi e do Senai no Ceará, Paulo André Holanda conduz uma missão alinhada à visão da Fiec: preparar o presente e projetar o futuro da indústria. Sua gestão busca equilibrar tradição e inovação, valorizando a formação de jovens e trabalhadores, fortalecendo a competitividade das empresas e ampliando o papel das entidades como protagonistas do desenvolvimento econômico e social do Estado.
Em entrevista ao O POVO, ele fala sobre a importância das parcerias do Sesi e do Senai com as empresas, os impactos na vida dos alunos, as diferentes modalidades de cursos e como a educação profissional pode transformar o futuro da indústria cearense.
O POVO – Qual a importância das parcerias do Sesi e do Senai com as empresas?
Paulo André Holanda – Eu digo sempre que o Senai é uma instituição que tem uma abrangência muito forte e influencia muito na qualificação profissional, na capacitação não só dos jovens, mas também dos adultos, ou daqueles que querem se requalificar para o novo mercado de trabalho. Nós estamos vivendo em um mundo global, em que a evolução tecnológica é exponencial, e precisamos cuidar das pessoas, saber como elas vão interagir com essa evolução tecnológica e com o aprendizado.
Nós trabalhamos com o Sesi no ensino básico, que vai desde o Fundamental 1, Fundamental 2 e o Novo Ensino Médio. O Novo Ensino Médio, no eixo técnico-profissionalizante, o aluno tem uma formação básica e já sai com uma orientação profissional, porque há disciplinas dentro de um eixo profissionalizante de um segmento industrial, por exemplo. Já o Senai atua com mais de 25 segmentos industriais diferentes. Trabalhamos com 39 sindicatos patronais da indústria, então costumo dizer que o Senai e o Sesi são duas instituições de referência, que podem, sim, ajudar na qualificação profissional. E as indústrias precisam muito desses profissionais qualificados para o mercado de trabalho.
OP – Você acredita que o Sesi e o Senai contribuem para a mudança de vida das pessoas?
PAH – Eu tenho certeza de que fazemos, sim, interferimos na mudança de vida das pessoas. Pesquisas da CNI, a Confederação Nacional da Indústria, realizadas a cada dois anos, apresentam o mapa industrial do trabalho. Dentro dessa pesquisa, eles apontam tanto quais segmentos industriais precisam de qualificação quanto os resultados daqueles que já se qualificaram.
O Senai do Ceará, por exemplo, tem números alinhados com a média nacional: mais de 90% dos alunos que concluíram um curso técnico ou de qualificação já estão preparados para o mercado de trabalho, com empregabilidade garantida. Isso é muito bom porque trabalhamos com diagnóstico e pesquisa de mercado, identificando as necessidades. Além disso, podemos customizar cursos para que sejam bem assertivos e garantam que o aluno entre no mercado de trabalho.
OP – Os cursos oferecidos pelo Senai acontecem dentro das empresas ou nas unidades? Como funcionam?
PAH – Os cursos que o Senai ministra podem ser realizados dentro das unidades escolares do Senai – hoje temos seis unidades – ou podem ser ministrados in company, ou seja, dentro da própria empresa.
Por exemplo, atendemos empresas como Vulcabrás, Vicunha, M. Dias Branco, ArcelorMittal, entre outras. Então, por que estar dentro das empresas? Vamos dar um exemplo: a Vulcabrás hoje tem quase 14 mil trabalhadores, em três turnos. O Senai está presente lá com cerca de 12 contêineres, que funcionam como salas de aula e laboratórios de informática, para que possamos ser mais rápidos e assertivos.
Também contamos com cinco unidades móveis – carretas totalmente equipadas, com laboratórios – que podem se deslocar até distritos ou comunidades mais distantes, levando cursos para quem mais precisa, inclusive fora das grandes metrópoles.
OP – Você conhece alguma história que tenha chamado sua atenção, de alguém que transformou a vida por meio desses cursos?
PAH – Conheço muitas histórias de pessoas que relatam diretamente a mim ou em encontros, especialmente ex-alunos dos cursos técnicos do Senai. Este ano, por exemplo, estive na Grendene, em Sobral, que também tem unidades no Crato e em Fortaleza. Lá encontrei pessoas que passaram pelos cursos técnicos do Senai e que hoje ocupam cargos de supervisão e coordenação. Elas conseguiram crescer e avançar em suas carreiras graças à formação, principalmente nos cursos técnicos.
OP – E, pessoalmente, o que passa pela sua cabeça quando vê um ex-aluno prosperar e percebe que seu trabalho está dando certo?
PAH – Quando vejo um aluno ou egresso do Sesi ou do Senai prosperar, sinto uma satisfação pessoal muito grande, porque percebo que estamos no caminho certo. Mas essa conquista eu compartilho com a minha equipe, que é muito dedicada. São profissionais de alto nível de excelência, que estão sempre se capacitando. É uma alegria enorme, um verdadeiro sentimento de dever cumprido.
OP – Na sua opinião, o que leva uma pessoa a querer mudar de vida e buscar oportunidades como as oferecidas pelo Senai e pelo Senai?
PAH – Conheço pessoas em situações financeiras muito difíceis, vivendo em condições precárias, e o Senai está lá para recrutar e capacitar essas pessoas. Eu digo sempre: para quem já tem conhecimento, a vida é difícil; imagine para quem não tem.
Por isso, conseguimos dialogar com essas pessoas e acolhê-las tanto no Sesi quanto no Senai. Para você ter uma ideia, mais de 30% dos alunos do Sesi são filhos de trabalhadores operacionais da indústria. Isso significa dar oportunidade para que esses jovens tenham acesso a um ensino de qualidade com perspectiva de carreira na indústria.
Nosso Novo Ensino Médio, por exemplo, é técnico-profissionalizante: o aluno já segue em direção a um segmento industrial – pode ser TI, alimentos, energia, metalmecânica, entre muitos outros – e sai praticamente com uma profissão, pronto para o mercado de trabalho ou até para empreender.
Eu costumo dizer que o Senai vai da sala de aula diretamente para a fábrica. Isso porque temos uma forte conexão com as indústrias, que precisam de mão de obra qualificada. Nós preparamos os alunos e, ao sair da sala de aula, essa conexão com os industriais permite que eles absorvam essa mão de obra, já adaptada às necessidades do mercado.
Oferecemos cursos de prateleira e também cursos customizados. No caso dos customizados, funciona assim: uma indústria, acompanhando a evolução tecnológica, pode solicitar, por exemplo, que um curso de tecnologia da informação tenha foco em inteligência artificial aplicada ao segmento dela. Nós estudamos a demanda, elaboramos o conteúdo junto com a empresa e, em até dois meses, já estamos com o curso formatado. Esse é um diferencial importante em relação a outras instituições de ensino.
OP – Você acredita no que faz?
PAH – Eu acredito muito no que faço. O que mais me estimulou foi perceber, por meio de pesquisas, e até por senso pessoal, que a qualificação, ou seja, educação e trabalho, faz a diferença para evitar muitos dos problemas que enfrentamos no nosso País e no nosso Estado.
Está comprovado que a criminalidade, seja qual for, e também situações ligadas à prostituição e ao tráfico, estão diretamente associadas à falta de educação e de trabalho. E é isso que o Sesi e o Senai, por meio da Federação das Indústrias do Estado do Ceará, buscam fazer: oferecer educação e qualificação voltadas ao mercado de trabalho. Assim conseguimos melhorar o IDH de qualquer estado, bairro, município ou país.
Quem tem renda, porque trabalha, e quem tem educação, automaticamente melhora a saúde, que é o terceiro fator, e passa a cuidar melhor de si, do meio ambiente, das crianças, até mesmo com a vacinação.
Então, eu acredito muito no que faço. Acredito que podemos, sim, mudar o País por meio da educação e do trabalho.